Do Concreto ao Barro: Uma História de Redescoberta e Sustentabilidade

Minha jornada de transição do ambiente urbano para a vida rural foi, em sua essência, uma redescoberta — de mim mesma, do meu propósito e do que realmente importa na vida. Deixei para trás a rigidez do concreto, com sua estrutura inflexível e a rotina sufocante, e mergulhei no mundo do barro, da terra, onde a natureza dita o ritmo e a simplicidade se torna a maior riqueza. Essa mudança não foi apenas física, mas também emocional e espiritual, abrindo caminho para um estilo de vida focado em sustentabilidade e em estar verdadeiramente presente no mundo ao meu redor.

A metáfora “do concreto ao barro” reflete exatamente essa transformação: saí de uma vida urbana estruturada, onde tudo era pré-moldado e predeterminado, para um estilo de vida mais natural, flexível e conectado à terra. No concreto da cidade, me sentia presa a um ciclo incessante de demandas e pressões, cercada pela radiação de tantas antenas e tecnologias de toda espécie ao meu redor. 

No barro, encontrei liberdade, uma forma de moldar minha vida com as próprias mãos, respeitando os ciclos da natureza e criando algo mais significativo e duradouro.

Neste artigo, compartilho os motivos que me levaram a fazer essa mudança radical, os desafios que encontrei ao longo do caminho e, principalmente, os benefícios e alegrias de viver mais próxima da natureza. Se você já sonhou em abandonar a vida urbana e seguir um caminho mais alinhado com a sustentabilidade e o equilíbrio, esta é a história de como fiz isso, e como você também pode encontrar o seu próprio caminho do concreto ao barro.

 

A Vida no Concreto – O Mundo Urbano

Antes de embarcar na minha jornada em busca de uma vida mais sustentável, minha realidade era como a de muitos que vivem nas grandes cidades. O dia começava cedo e terminava tarde, com uma rotina marcada pelo trânsito, compromissos profissionais e uma agenda que parecia sempre cheia. Meu tempo era dividido entre reuniões, prazos e responsabilidades que me mantinham constantemente ocupada, mas raramente presente no momento.

Viver nesse ambiente urbano de concreto trouxe consigo desafios que, aos poucos, começaram a pesar. O estresse constante se tornou parte do meu cotidiano, e a falta de tempo para mim mesma e para as coisas que realmente importavam criou uma sensação de desconexão. Minha relação com a natureza, antes algo que me revigorava, se limitava a rápidas escapadas aos finais de semana, quando eu conseguia respirar um pouco fora do caos da cidade. Mas esses momentos de fuga eram breves, e logo voltava à rotina acelerada e àquela sensação de iminente perigo.

Olhando para o concreto ao meu redor, percebia o quão distante eu estava do ciclo natural da vida. Não havia espaço para acompanhar o ritmo das estações, para sentir a terra ou mesmo para me conectar com algo mais simples e autêntico. A cidade, com toda sua infraestrutura e praticidade, também criava uma barreira entre mim e a natureza, como se o que me cercava fosse sempre artificial e distante.

O momento de reflexão veio como um sussurro no fundo da mente, crescendo a cada dia. O desejo por algo mais começou a se formar quando me vi questionando o propósito de tudo aquilo. O que realmente estava construindo para mim mesma? Onde estava o equilíbrio? Foi quando a ideia de viver de forma mais sustentável começou a se enraizar. Queria algo mais próximo da natureza, onde eu pudesse me sentir parte de um ciclo maior, mais autêntico, e menos governado pelo relógio e pelo concreto.

Esse desejo de mudança foi crescendo até que, um dia, decidi que era hora de agir. A vida urbana já não fazia mais sentido, e eu sabia que, para me reconectar com o que realmente importava, teria que largar a grande metrópole e buscar algo mais simples, mais próximo da terra, onde a sustentabilidade seria o alicerce de uma nova forma de viver.

 

O Primeiro Passo em Direção ao Barro – A Decisão de Mudar

A decisão de mudar foi tomada após meses de reflexão sobre o estilo de vida que eu realmente queria levar. Minha motivação para sair do mundo urbano e buscar algo mais natural estava enraizada no desejo de viver de forma mais autêntica, em harmonia com a natureza. Queria desacelerar, reconectar-me com a terra e sentir que meu dia a dia tinha um propósito maior do que apenas cumprir metas. A ideia de adotar um estilo de vida mais simples, autossustentável e consciente cresceu dentro de mim, impulsionada pela necessidade de liberdade e uma maior conexão com o ciclo natural das coisas, a despeito de todos os meus melhores amigos acharem que eu havia perdido o juizo.

Foi nesse momento que o barro – e a bioconstrução – surgiu como um símbolo poderoso dessa nova fase de vida. O barro representava tudo o que eu buscava: flexibilidade, adaptação à natureza e a possibilidade de criar algo com minhas próprias mãos, respeitando o ambiente ao meu redor. Diferente do concreto, o barro é moldável, vivo, orgânico, e reflete o desejo de viver em um lar que respira com a terra, em vez de dominar o espaço natural. A bioconstrução, com seus materiais sustentáveis e métodos artesanais, ressoava profundamente com meus valores de simplicidade e respeito ao meio ambiente.

Os primeiros passos para realizar essa mudança começaram com estudo e pesquisa. Eu sabia que mudar de vida exigiria mais do que apenas força de vontade; era preciso me preparar técnica e emocionalmente. Comecei a estudar sobre bioconstrução, lendo livros, participando de workshops e assistindo a documentários sobre o tema. Mergulhei nas experiências de pessoas que já haviam passado pela transição, absorvendo tudo o que podia sobre os desafios e as recompensas desse estilo de vida.

O planejamento também foi uma etapa crucial. Abandonar o conforto e a segurança da vida urbana exigia uma preparação financeira cuidadosa, e porque nao dizer corajosa. Precisei calcular os custos de construção no terreno que herdei e planejar como seria essa transição em termos de infraestrutura e recursos. Além disso, havia a preparação emocional — sabia que essa mudança não seria apenas uma troca de ambiente, mas uma transformação completa de mentalidade e estilo de vida. Tive que me desapegar de velhos hábitos e expectativas, de bens materiais nao mais essenciais, e me abrir para o novo, para o imprevisível e para o processo de aprender a viver em harmonia com a natureza.

Esse período de planejamento foi essencial para que a transição fosse feita de forma consciente e tranquila. A escolha de mudar para uma vida mais conectada à terra, com o barro como base da minha nova morada, não foi uma decisão impulsiva, mas o resultado de uma busca por significado, propósito e uma vida mais sustentável. E, ao dar esse primeiro passo, senti que estava finalmente moldando, com minhas próprias mãos, um futuro mais alinhado com os valores que sempre carreguei em meu coração, sabendo que não haveria volta, pois estava com 65 anos e minha mãe com quase 90.  So tínhamos uma chance:  acertar.

 

Do Concreto ao Barro – A Redescoberta Através da Bioconstrução

Descobrir a bioconstrução foi como abrir uma porta para um mundo totalmente novo e mais alinhado com o que eu buscava. Ao me deparar com a possibilidade de construir minha própria casa utilizando materiais naturais, como o barro, a palha e a madeira, percebi que essa prática era muito mais do que apenas uma técnica de construção. Era uma filosofia de vida que refletia o respeito pela natureza, pela simplicidade e pelo desejo de criar algo duradouro, mas que coexistisse de maneira harmoniosa com o meio ambiente.

A bioconstrução traz consigo uma ideia poderosa: a de que podemos viver em lares que não apenas abrigam nossas necessidades físicas, mas que também respeitam e se integram ao ciclo natural. Diferente do concreto, que impõe sua presença na paisagem e contribui para a rigidez do estilo de vida urbano, o barro é flexível, maleável e renovável. Ele simboliza um retorno às raízes, uma maneira de construir que respeita o ritmo da natureza, aproveita recursos locais e reduz o impacto ambiental. Ao escolher a bioconstrução, eu estava escolhendo viver em um espaço que respira, que evolui com o tempo e que reflete a simplicidade que eu desejava trazer para minha vida.

Os primeiros momentos do processo de construção com barro foram marcados por uma mistura de entusiasmo e desafios inesperados. A ideia de trabalhar diretamente com a terra, modelando os blocos de solocimento com as próprias mãos, numa maquina que prensava um a um, parecia uma forma quase meditativa de criar um lar. Mas, como todo grande projeto, houve um período de adaptação e aprendizado. O barro, embora maleável, exige um conhecimento técnico sobre mistura e aplicação, e percebi rapidamente que era preciso aprender a equilibrar as proporções corretas de terra, água e argila para criar paredes estáveis e resistentes.  O bioconstrutor Jose Domingos Mattos do Instituto Jodoma liderou os processos, compartilhando e orientando as etapas do inicio ao fim.

No início, enfrentei dificuldades com o clima, algo que não havia considerado com profundidade. Durante os períodos de chuva, o solo ficava mais pesado e difícil de trabalhar, atrasando o processo e exigindo mais paciência do que eu previa. Por outro lado, nos dias quentes, o barro secava rapidamente, o que também impunha um ritmo acelerado de trabalho para moldar as paredes antes que o material endurecesse. Esses desafios técnicos, embora desgastantes, me ensinaram uma lição valiosa: na bioconstrução, assim como na vida, é essencial aprender a trabalhar com a natureza, e não contra ela.

Ao longo do processo, os aprendizados foram inúmeros. Descobri que a bioconstrução não era apenas uma forma de erguer paredes, mas uma prática que exigia uma reconexão com o tempo, a paciência e o cuidado. Aprendi que construir com barro exige não só força física, mas também sensibilidade para sentir a terra e entender seu comportamento. A cada novo carregamento de barro que chegava, sentia-se uma conexão maior com o ambiente e com o propósito dessa jornada.

As recompensas, no entanto, superaram os desafios. Cada parede erguida, cada tijolo moldado com barro, trouxe uma sensação de realização e de pertencimento. Ver a estrutura da casa ganhando forma, sabendo que estava criando algo inteiramente com materiais sustentáveis e feito por tantas mãos, foi profundamente gratificante. Era a prova de que era possível construir um lar que refletisse meus valores de simplicidade e sustentabilidade.

A bioconstrução, para mim, se tornou muito mais do que apenas um método de construção. Ela representou uma redescoberta de mim mesma, da minha capacidade de viver algo significativo e alinhado com a natureza.

 

Os Desafios e Lições no Caminho

A transição da estrutura rígida da vida urbana para um ambiente mais fluido e natural trouxe uma série de desafios inesperados. Acostumada com a previsibilidade e conveniência da cidade, logo percebi que viver de maneira mais simples e em harmonia com a natureza exigia uma adaptação profunda, tanto física quanto emocional. Ao trocar o concreto pelo barro, eu também estava deixando para trás o controle rígido que a vida urbana proporciona e abraçando o ritmo mais lento e imprevisível da natureza.

Os primeiros obstáculos surgiram na própria construção. O uso do barro, embora encantador pela sua simplicidade e sustentabilidade, exigiu um aprendizado técnico maior do que eu havia previsto. A mistura correta de barro, palha e água para garantir a durabilidade das paredes foi uma tarefa que levou tempo para dominar. Vez ou outra, a mistura secava de maneira desigual, criando rachaduras que precisavam ser refeitas. Outras vezes, o tempo chuvoso tornava o trabalho mais difícil, fazendo com que o barro demorasse mais a secar, atrasando todo o processo. Essas dificuldades práticas exigiram que eu mudasse minha abordagem e aprendesse a trabalhar em sintonia com o clima, planejando as etapas da construção conforme as condições do ambiente.

Além dos desafios técnicos, houve também a necessidade de adaptação emocional. Na vida urbana, tudo parecia funcionar em um ritmo pré-determinado, com metas e prazos claros. Já no campo, com o barro em minhas mãos, esse ritmo era ditado pela natureza. Foi um choque perceber que não poderia forçar os ciclos naturais, que a chuva, o sol e até mesmo o vento tinham seu próprio tempo e influenciavam diretamente o progresso da obra. No início, essa falta de controle era frustrante. Estava acostumada a resultados rápidos e à conveniência dos recursos urbanos, mas agora tudo seguia o ritmo mais lento da terra.

Porém, com o tempo, esses desafios começaram a se transformar em lições valiosas. Aprendi que, em um ambiente mais natural e sustentável, a paciência é uma virtude indispensável. O barro, assim como a vida fora da cidade, exige que você respeite o tempo necessário para cada etapa. Não é possível apressar o processo de secagem, moldagem ou adaptação ao novo ambiente. Esse aprendizado sobre paciência se refletiu em outras áreas da minha vida, me ensinando a valorizar o caminho, e não apenas o resultado final.

A resiliência também se tornou uma companheira constante. Houve dias em que o desânimo bateu forte. Quando as paredes rachavam ou a chuva adiava o trabalho por semanas, era fácil pensar em desistir. No entanto, ao enfrentar esses obstáculos, percebi que a verdadeira força não está em evitar os problemas, mas em encontrar maneiras de superá-los. A resiliência que desenvolvi, ao continuar persistindo mesmo quando tudo parecia complicado, me trouxe uma nova confiança na minha capacidade de adaptação e superação.

Outro aprendizado fundamental foi a adaptação ao imprevisível. Na cidade, há uma falsa sensação de que podemos controlar tudo — nossos horários, nosso ambiente, nosso tempo. No campo, isso se mostrou uma ilusão. A natureza é imprevisível, e viver em harmonia com ela requer flexibilidade. Houve momentos em que precisei ajustar meus planos, deixar de lado a expectativa de produtividade imediata e simplesmente aceitar o ritmo mais lento que a vida na terra exigia.

Essas lições — paciência, resiliência e adaptação — moldaram minha jornada. Aos poucos, a frustração deu lugar a uma sensação de pertencimento. Comecei a entender que viver em sintonia com a natureza significa abraçar seus ritmos e aprender com cada obstáculo. A bioconstrução me ensinou que o caminho para a autossustentabilidade e a simplicidade é cheio de altos e baixos, mas é justamente nesses momentos de desafio que encontramos nossas maiores forças e transformações.

 

Benefícios da Redescoberta Sustentável

A decisão de abandonar a vida urbana e abraçar a bioconstrução trouxe impactos extremamente positivos, tanto em termos práticos quanto emocionais. A mudança para uma vida mais sustentável não só transformou meu cotidiano, mas também me ofereceu uma qualidade de vida que eu nunca havia experimentado antes. O contato diário com a natureza, a simplicidade e a sensação de viver em harmonia com o ambiente me trouxeram uma paz que, na correria da cidade, sempre parecia fora de alcance.

Estar imersa na natureza, observando o nascer e o pôr do sol, trabalhando com as mãos na terra, e sentindo o vento e o clima mudarem com as estações, me reconectou com algo essencial. Esse contato diário com o meio ambiente gerou uma sensação de realização profunda. Ver minha casa se moldar a partir de materiais naturais e saber que cada parede erguida era fruto do meu trabalho me fez perceber que o que eu estava construindo era muito mais do que um espaço físico. Eu estava criando um estilo de vida alinhado com meus valores, algo que trouxe imensa satisfação e um sentimento de paz interior.

As vantagens práticas da vida sustentável também são inúmeras. Uma das mais evidentes é a economia de recursos. Ao optar por construir com barro e outros materiais naturais, economizei em materiais de construção tradicionais e reduzi consideravelmente o impacto ambiental da minha casa. Além disso, a implementação de sistemas de captação de água da chuva, energia solar e a produção de parte do meu próprio alimento trouxe uma autonomia que não tem preço. Ser capaz de depender menos de serviços externos e saber que estou contribuindo para a preservação do planeta tornou a vida mais leve e significativa.

Outro benefício prático foi a redução do desperdício. Viver de forma sustentável exige que repensemos nossos hábitos de consumo. Comecei a reaproveitar materiais, a valorizar o que a terra oferece e a reduzir ao máximo o que descarto. Essa mudança não só economiza dinheiro, mas também gera um impacto ambiental muito menor. A bioconstrução me mostrou que podemos viver com muito menos e, ao mesmo tempo, com muito mais propósito.

Além das economias e do impacto ambiental reduzido, a autonomia adquirida ao longo desse processo foi transformadora. Não precisar depender tanto dos sistemas convencionais de energia, abastecimento de água e alimentação me trouxe uma sensação de liberdade que eu nunca tinha experimentado antes. Saber que, em grande parte, posso prover meu próprio sustento me deu uma confiança e uma tranquilidade que, no contexto urbano, sempre foi difícil de alcançar.

A vida mais próxima ao ciclo natural das coisas também trouxe um novo senso de propósito e equilíbrio. Ao me reconectar com o ritmo das estações, com os ciclos de plantio e colheita, e com o tempo que a terra leva para se transformar, passei a ver a vida de outra forma. O ciclo natural nos ensina sobre paciência, sobre respeitar o tempo necessário para cada processo, e isso se refletiu em todas as áreas da minha vida. Encontrei um equilíbrio entre trabalho, descanso e contemplação que, no passado, parecia impossível. Essa conexão com o ciclo da natureza me fez perceber que a verdadeira riqueza não está no acúmulo de bens, mas na capacidade de viver em harmonia com o ambiente e encontrar propósito nas pequenas coisas.

Essa redescoberta de uma vida sustentável me trouxe paz, propósito e uma nova perspectiva sobre o que significa viver bem. Longe da correria e das exigências da cidade, encontrei um espaço onde posso viver de forma mais leve, mais conectada e mais alinhada com o que realmente importa. A sensação de realização, a economia de recursos e a conexão com o ciclo natural das coisas são apenas alguns dos muitos benefícios que essa jornada trouxe para minha vida.

 

Reflexões sobre a Jornada – Do Concreto ao Barro

Ao olhar para trás e refletir sobre essa transição do concreto ao barro, percebo o quanto minha vida mudou profundamente. Deixar a rigidez do ambiente urbano e abraçar um estilo de vida mais simples e natural foi uma transformação que tocou todas as esferas da minha existência — física, emocional e espiritual. O que antes era uma vida marcada pela pressão constante, pelo consumo desenfreado e pela desconexão com a natureza, hoje é uma rotina mais serena, alinhada com o que realmente importa.

O barro, que inicialmente parecia apenas uma escolha prática para construir minha morada, se tornou muito mais do que isso. Ele passou a simbolizar uma reconexão com valores fundamentais que, na correria da vida moderna, muitas vezes esquecemos. Moldar paredes de barro com as próprias mãos me trouxe uma compreensão clara de que viver de maneira sustentável não é apenas sobre escolhas técnicas, mas sobre um retorno à simplicidade e à essência da vida. O barro representa flexibilidade, adaptação e o respeito aos recursos que a natureza oferece. Ao escolhê-lo como o alicerce da minha casa, também escolhi abraçar um caminho de maior consciência e humildade.

Viver de maneira sustentável e autêntica, para mim, significa estar em sintonia com o ambiente ao meu redor e com minhas próprias necessidades reais. A sustentabilidade não é apenas uma escolha de materiais, mas um estilo de vida que busca reduzir o impacto negativo no mundo, valorizando o que é local, natural e renovável. É sobre reconhecer que tudo tem um ciclo, que o que retiramos da terra deve ser devolvido de alguma forma, e que viver com menos nos permite ter mais em termos de tempo, liberdade e qualidade de vida.

A autenticidade que encontrei nesse estilo de vida vem da liberdade de viver de acordo com meus próprios valores, sem a pressão de seguir um ritmo ditado pela sociedade de consumo. É a oportunidade de construir, literalmente, minha vida de forma consciente e intencional, sabendo que cada escolha que faço — seja na construção da minha casa, no cultivo dos meus alimentos ou na forma como me relaciono com o mundo — tem um propósito maior.

O barro me ensinou sobre a importância da paciência, da resiliência e da beleza que há na imperfeição. Assim como a bioconstrução, viver de forma sustentável é um processo em constante evolução. Não é sobre atingir a perfeição, mas sobre trilhar um caminho de aprendizado contínuo, adaptando-se às circunstâncias e encontrando satisfação nas pequenas vitórias diárias.

Essa jornada, do concreto ao barro, me mostrou que viver de forma autêntica significa simplificar, estar presente e buscar uma conexão mais profunda com o que é essencial. Hoje, a minha casa não é apenas um abrigo, mas um reflexo de quem me tornei ao longo desse processo. A escolha do barro representa a escolha por uma vida mais leve, mais significativa e mais conectada com a terra que me sustenta.

 

 

Conclusão

A jornada do concreto ao barro foi marcada por uma transição profunda e transformadora. Trocar a vida urbana, com suas pressões e desconexões, por uma existência mais próxima da terra e da natureza, trouxe desafios significativos, mas as recompensas superaram todas as dificuldades. Do aprendizado com a bioconstrução ao processo de adaptação ao ritmo natural da vida, cada etapa me ensinou a valorizar a simplicidade e a força que vem de viver em harmonia com o meio ambiente. O barro, com sua flexibilidade e organicidade, não foi apenas o material de construção da minha casa, mas o símbolo de uma escolha por uma vida mais consciente, autêntica e sustentável.

Essa transição me mostrou que os obstáculos — sejam eles técnicos, emocionais ou práticos — fazem parte de um processo de crescimento. Cada rachadura nas paredes de barro, cada dia de chuva que atrasava o trabalho, e cada ajuste necessário ao novo estilo de vida foram oportunidades de aprendizado e transformação pessoal. As recompensas vieram na forma de paz, autonomia, e uma conexão profunda com a terra. Mais do que nunca, compreendi que viver de forma sustentável é um retorno às nossas raízes, a um modo de vida mais equilibrado, onde há tempo para sentir e refletir.

Agora, convido você, leitor, a refletir sobre sua própria vida. Estamos, muitas vezes, tão imersos na rotina urbana que esquecemos de questionar se esse estilo de vida realmente reflete nossos valores e traz a satisfação que buscamos. Há sempre alternativas mais simples e naturais para considerarmos, que nos reconectam com a terra e nos proporcionam uma nova visão de mundo. A transição para um estilo de vida mais sustentável pode parecer assustadora no início, mas os benefícios, tanto para a saúde emocional quanto para o planeta, são imensos.

Por fim, é importante redescobrir essa conexão com a terra, com o que é essencial e verdadeiro. Estilos de vida mais simples e naturais não só nos oferecem uma nova perspectiva sobre o que realmente importa, como também nos aproximam de um futuro mais sustentável e equilibrado. Seja por meio da bioconstrução, da autossustentabilidade ou de pequenas mudanças cotidianas, o importante é iniciar esse processo de redescoberta e abraçar a vida com mais propósito e harmonia com o mundo ao nosso redor.

Agora é a sua vez! Se você também já fez uma grande mudança em busca de uma vida mais sustentável ou está pensando em seguir esse caminho, compartilhe sua história nos comentários. Quais desafios você encontrou? O que te inspira a viver mais conectado com a natureza? Este espaço é para trocarmos experiências e nos apoiarmos mutuamente nessa jornada em direção a um estilo de vida mais simples e consciente.